sexta-feira, 24 de abril de 2015

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                                                      Seriedade

Sexta, 24 Abril 2015
A extinção do BES veio colocar como tema da actualidade a questão dos reembolsos aos clientes não institucionais do ex-BES pelos investimentos feitos por aqueles em papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo, algumas atualmente em processo de insolvência, e será tema que necessariamente se manterá na agenda até à sua resolução.
Confiança é termo chave na economia e para os agentes económicos. E manter a relação de confiança é absolutamente fundamental para o equilíbrio do sistema financeiro.
Pois é precisamente esse elo de confiança que terá sido quebrado e que, no limite, essa falta de confiança poderá alastrar a outras instituições financeiras. Em boa verdade a imagem que hoje teremos do setor não é nada aproximada daquela que todos já tivemos.
Aliás, haverá aqui uma relação directa entre a perda de valor das instituições bancárias e a sua atual imagem.
Mas voltemos à questão inicial e que se prende com os reembolsos aos clientes do ex-BES pelos investimentos feitos.
Quer os ex-responsáveis do banco, quer os actuais responsáveis do banco que lhe sucedeu, quer ainda os reguladores terão nesta matéria responsabilidades que não deverão isentar-se de assumir.
Qua a culpa não morra solteira é o mínimo que se poderá pedir.
Preocupante foi ouvir recentemente o comentário de um dos lesados dizendo que grande parte destes investimentos foi feito por pessoas que colocaram ali todas as suas economias e que se encontram já numa fase adiantada da sua vida e, consequentemente, não terão tempo para ver esta questão dirimida pelos tribunais.
É que, pese embora, as acções judiciais que possam ter sido intentadas, estas só terão um desfecho daqui a alguns anos. É assim que funciona o nosso sistema. É lento.
Será de acreditar que muitos destes investidores o fizeram de uma forma inocente, acreditando que não estariam a investir em produtos de (alto) risco, podendo alguns deles estar elucidados do risco que corriam. Contudo será impossível distinguir uns dos outros.
Certo é que os prejuízos da atitude de não reembolsar às tantas serão superiores ao do reembolso.
Desde logo pela perda de valor que deriva de se considerar não honrado um compromisso por uma instituição que se quer credível e, também, porque não estando o problema resolvido, pelo sim pelo não, quem vier a adquirir o novo banco certamente teve este aspeto em consideração, não venha mais tarde a ter que responder por esta responsabilidade.
É que a perda de valor da instituição em causa, e a sua venda por valor inferior ao expectável, será suportado de alguma forma por outros agentes setor, os quais, necessariamente, farão refletir esses efeitos nos seus clientes, ou seja, seremos, como sempre, de uma ou outra forma a suportar esse custo.
Até para a semana
Rui Mendes


Sem comentários: