sexta-feira, 17 de abril de 2015

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                                                        Combustíveis low cost

Sexta, 17 Abril 201
Este será certamente o tema do dia.
A partir de hoje os postos de abastecimento passam a ser obrigados a vender combustíveis sem aditivos (leia-se aditivados com a quantidade mínima legalmente permitida). Uma medida que até deverá parecer que vai ao encontro das expectativas e interesses dos consumidores.
Parece, porque tal não deverá acontecer. Como também não aconteceu com medidas anteriores que tiveram um resultado inócuo.
Recordemos uma outra medida que também foi apregoada como condição para criar concorrência no sector.
Em 2009 foram introduzidos painéis eletrónicos nas auto-estradas, os quais mostram os preços da gasolina IO95 e gasóleo, tendo por objetivo injetar concorrência ao sector, julgo que esta medida resultou inclusive de uma recomendação da Autoridade da Concorrência.
Contudo, todos nós, ao longo destes anos, fomos assistindo ao resultado da medida. Raro é visualizar um painel em que os preços não sejam exatamente os mesmos.
Com a obrigação de venda de combustíveis sem aditivos em todos os postos de abastecimento o resultado não deverá ser muito diferente.
E não será porque as companhias farão a gestão desta obrigação dentro do mesmo critério de gestão que tiveram para abordar a obrigatoriedade de publicitarem os preços dos combustíveis nos painéis das auto-estradas.
Ou, dito de uma forma mais clara, passaremos a ter postos das diferentes companhias que acertarão a sua política de preços e iremos continuar a ter postos de combustíveis low cost, precisamente nas condições de mercado em que atualmente coexistem.
Quem olhar unicamente para os preços praticados concluirá que todas as marcas e todos os postos terão, exatamente, as mesmas condições de mercado. Que todos têm os mesmos custos do produto, que todos têm os mesmos custos fixos dos postos, que todos terão as mesmas percentagens nas vendas e que todos terão idêntico volume de vendas. Só assim se compreenderia o mesmo custo, ou custos tão aproximados, como aqueles que são sistematicamente praticados para o preço final do produto. Contudo, não é assim, e não sendo assim algo não está a funcionar.
Quando a concorrência não funciona não é com medidas pouco eficazes que faremos com que ela funcione.
A questão da venda dos combustíveis estará nesse patamar, num sector que se encontra totalmente liberalizado.
Com mais esta medida assistiremos a mais do mesmo. Uns a legislarem, outros a cumprirem e os consumidores a sofrerem os efeitos.
Até para a semana
Rui Mendes


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