sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ORELHUDOS do CARAÇAS - Uma rubrica de A.N.B.

 I 
Razão profunda e bastante tinha o “Forma das Caraças” quando já nesse tempo e, lá do alto da sua Tapada, ía avisando que as máscaras deste e doutros carnavais podem cair a qualquer momento. Parecendo que não e que sim!
Do seu santuário, o Forma… já, então, alertava que vivemos num mundo sem tréguas e sempre nos foi precavendo de que «a situação internacional» com que estávamos e vamos confrontar-nos (Portugal claramente incluído no naipe) anuncia que está em curso uma nova guerra civil europeia.
Uma guerra em que os exercitos até parece que andam distraídos e a ser substituídos por dispositivos e instrumentos financeiros e umas tantas áreas de violência bélica localizada.
Como alguém já demonstrou ( Hannah Arendt, 1961, e Giorgio Agamben, 2003 ) aquilo a que chamamos «democracia» global corresponde agora à instauração de uma guerra civil permanente por meios/fins económicos.
Já que - acrescentaria eu - a racionalidade dos Governos passou a confundir-se com as acções e uma racionalidade,unicamente económica, desvalorizando completamente a política e induzindo formas imprevisíveis e inesperadas de violência social. 
Dos fortes contras os fracos e, diria, o nosso “Forma das Caraças” dos fracos (mais numerosos) contra os fortes. Neste aspecto e, por ora, ainda poderemos ter esperança no retorno duma certa Soberania Popular. Isto é, os povos ainda têm uma Voz. Está sendo o caso da Grécia que não a quer perder. Ainda por cima com um Ministro “sexy e motard”.
Por outras palavras, a Alemanha e, atenção, vários outros países nórdicos não podem andar a brincar com o fogo por razões puramente orçamentais. E outras merd@s e gangas parecidas.
Neste contexto, cabe aliás afirmar que o trio PPC-CS-P. Portas devia imediatamente deixar de obedecer aos desejos do seu principal suserano. Ou seja, já não estamos na Idade Média. Estamos no século XXI.

II.
As duas únicas palavras “Crise”  e “Economia” que andam a ser as palavras de ordem mais usadas, apenas estão servindo para impor e induzir a aceitação de crescentes medidas e restrições à vida dificil e intragável das pessoas.
Na verdade, “O Forma das Caraças” tinha e continua com toda a razão: a crise afinal dura há decadas na Europa, em Portugal, no Alandroal.
E de certo modo, não é senão «o modo normal» como funcionam as formas e uma certa «ordem capitalista» destruindo qualquer resistência social a este estado muito perigoso das coisas.
Um dado é certo: Bancos, Seguradoras, Grandes empresas e multinacionais suiças estão na maior. Os Estados e os seus cidadãos, esses caminham para uma certo estado de negação e quase inexistência humana.
Por aqui se pode ver que o próprio Estado deixou de ser o garante superior da “soberania do povo” para se tornar (n)um sistema quase cego que, apenas, segue a lógica dos negócios e dos mercados.
Ou,até,trata deles.
Pelo que os principios democráticos que “o Forma das Caraças” ensinava às crianças que o visitavam na Tapada e sempre - tão honradamente defendeu - trabalhando são facilmente substituídos por negócios e negociatas. Como, por exemplo, aconteceu com a falcatrua dos submarinos onde todos já foram ou parecem uns pequenos santinhos…

III
Caraças acreditam nisto?
Ou acham, de uma vez por todas, que a máquina do governo português actual, rápido a pagar ao FMI rico, anda a produzir somente cada vez mais “contribuintes fiscais” do que cidadãos?
A dita «escravidão da divida» (à semelhança do trabalho escravo da década “nacionalista ( e nazi ) dos anos 40)   grega, portuguesa, irlandesa, italiana tem que ser usada e usurária a este ponto sem haver  alternativa decente neste presente sem futuro?
Bastará andar a apagar incêndio atrás de incêndio na Ucrânia fornecendo-lhe previamente as armas?
Numa de História, recordava-nos o “Forma das Caraças”, se alguém na Alemanha já se esqueceu do seu próprio caso e do tratamento que então tiveram.
E que… e que… a rica Inglaterra só agora vai começar a pagar as dívidas que contraiu no século XVIII (Dezoito) ou que, a dita Alemanha, apenas em 2010, acabou de pagar o resto da dívida (aliás, excessiva) que lhe foi imposta após a meia derrota na I Guerra.
 “Orelhudos do Caraças”, pensemos nisto porque não estamos sós. Como “o Forma das Caraças” também nunca o queria estar.De tão sociável,remediado e ameno que era.
Mesmo quando se tinha de isolar e vaguear lá na sua (e nossa) pensativa Tapada. Ora assobiando e varejando, ora sorrindo e trincando umas pequenas e deliciosas azeitoninhas.

Melhores Saudações
António Neves Berbém
      (20/2/2015)


Sem comentários: