I
Razão profunda e
bastante tinha o “Forma das Caraças” quando já nesse tempo e, lá do alto da sua
Tapada, ía avisando que as máscaras deste e doutros carnavais podem cair a
qualquer momento. Parecendo que não e que sim!
Do
seu santuário, o Forma… já, então, alertava que vivemos num mundo sem tréguas e
sempre nos foi precavendo de que «a situação internacional» com que estávamos e
vamos confrontar-nos (Portugal claramente incluído no naipe) anuncia que está
em curso uma nova guerra civil europeia.
Uma
guerra em que os exercitos até parece que andam distraídos e a ser substituídos
por dispositivos e instrumentos financeiros e umas tantas áreas de violência
bélica localizada.
Como
alguém já demonstrou ( Hannah Arendt, 1961, e Giorgio Agamben, 2003 ) aquilo a
que chamamos «democracia» global corresponde agora à instauração de uma guerra
civil permanente por meios/fins económicos.
Já
que - acrescentaria eu - a racionalidade dos Governos passou a confundir-se com
as acções e uma racionalidade,unicamente económica, desvalorizando
completamente a política e induzindo formas imprevisíveis e inesperadas de
violência social.
Dos
fortes contras os fracos e, diria, o nosso “Forma das Caraças” dos fracos (mais
numerosos) contra os fortes. Neste aspecto e, por ora, ainda poderemos ter
esperança no retorno duma certa Soberania Popular. Isto é, os povos ainda têm
uma Voz. Está sendo o caso da Grécia que não a quer perder. Ainda por cima com
um Ministro “sexy e motard”.
Por
outras palavras, a Alemanha e, atenção, vários outros países nórdicos não podem
andar a brincar com o fogo por razões puramente orçamentais. E outras merd@s e
gangas parecidas.
Neste
contexto, cabe aliás afirmar que o trio PPC-CS-P. Portas devia imediatamente
deixar de obedecer aos desejos do seu principal suserano. Ou seja, já não
estamos na Idade Média. Estamos no século XXI.
II.
As
duas únicas palavras “Crise” e
“Economia” que andam a ser as palavras de ordem mais usadas, apenas estão
servindo para impor e induzir a aceitação de crescentes medidas e restrições à
vida dificil e intragável das pessoas.
Na
verdade, “O Forma das Caraças” tinha e continua com toda a razão: a crise
afinal dura há decadas na Europa, em Portugal, no Alandroal.
E de
certo modo, não é senão «o modo normal» como funcionam as formas e uma certa
«ordem capitalista» destruindo qualquer resistência social a este estado muito
perigoso das coisas.
Um
dado é certo: Bancos, Seguradoras, Grandes empresas e multinacionais suiças
estão na maior. Os Estados e os seus cidadãos, esses caminham para uma certo
estado de negação e quase inexistência humana.
Por
aqui se pode ver que o próprio Estado deixou de ser o garante superior da
“soberania do povo” para se tornar (n)um sistema quase cego que, apenas, segue
a lógica dos negócios e dos mercados.
Ou,até,trata
deles.
Pelo
que os principios democráticos que “o Forma das Caraças” ensinava às crianças
que o visitavam na Tapada e sempre - tão honradamente defendeu - trabalhando
são facilmente substituídos por negócios e negociatas. Como, por exemplo,
aconteceu com a falcatrua dos submarinos onde todos já foram ou parecem uns
pequenos santinhos…
III
Caraças acreditam nisto?
Ou
acham, de uma vez por todas, que a máquina do governo português actual, rápido
a pagar ao FMI rico, anda a produzir somente cada vez mais “contribuintes
fiscais” do que cidadãos?
A
dita «escravidão da divida» (à semelhança do trabalho escravo da década
“nacionalista ( e nazi ) dos anos 40)
grega, portuguesa, irlandesa, italiana tem que ser usada e usurária a
este ponto sem haver alternativa decente
neste presente sem futuro?
Bastará
andar a apagar incêndio atrás de incêndio na Ucrânia fornecendo-lhe previamente
as armas?
Numa
de História, recordava-nos o “Forma das Caraças”, se alguém na Alemanha já se
esqueceu do seu próprio caso e do tratamento que então tiveram.
E
que… e que… a rica Inglaterra só agora vai começar a pagar as dívidas que
contraiu no século XVIII (Dezoito) ou que, a dita Alemanha, apenas em 2010,
acabou de pagar o resto da dívida (aliás, excessiva) que lhe foi imposta após a
meia derrota na I Guerra.
“Orelhudos do Caraças”, pensemos nisto porque
não estamos sós. Como “o Forma das Caraças” também nunca o queria estar.De tão
sociável,remediado e ameno que era.
Mesmo
quando se tinha de isolar e vaguear lá na sua (e nossa) pensativa Tapada. Ora
assobiando e varejando, ora sorrindo e trincando umas pequenas e deliciosas
azeitoninhas.
Melhores
Saudações
António
Neves Berbém
(20/2/2015)
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