Sexta, 20 Fevereiro 2015
Participei
recentemente num seminário no qual se abordaram questões sobre a promoção do
emprego jovem e a coesão social.
As abordagens àquelas temáticas foram
várias e, em determinada altura, surgiu o tema das 40 horas.
Devo dizer que nada me
move relativamente à duração do horário de trabalho das 40 horas. Não que não
lhe dê importância.
Contudo, talvez por
cumprir semanalmente muito mais que as tais 40 horas não a entenda como uma
questão vital.
A minha questão sobre
esta matéria vai diretamente para a relação que se estabelece entre trabalho
prestado/valor pago.
Os tempos que temos
vivido originaram numa clara desvalorização do trabalho. E isso, de fato, é
preocupante.
É que a qualidade de
vida de cada um de nós advém da retribuição auferida pelo trabalho prestado, e
sempre que decai o valor do trabalho existirá perda de qualidade de vida.
A desvalorização do
trabalho não teve como causa apenas o aumento do número de horas de trabalho.
Verificou-se também pelas reduções remuneratórias, pelo congelamento de
carreiras e pela via dos impostos que incidem sobre o trabalho.
Hoje, genericamente,
pelo mesmo trabalho aufere-se menos.
O aumento do horário
de trabalho terá criado efeitos nocivos no que se refere à criação de emprego,
precisamente porque não foi uma medida promotora da criação de emprego.
No entanto, se
quisermos construir uma sociedade mais justa e socialmente mais solidária terá
que ser valorizado o trabalho, não só como medida de justiça social, que
possibilite elevar os ganhos mensais dos trabalhadores, permitindo assim a
melhoria das condições de vida, como também como medida de criação de emprego
jovem, porque permitirá oportunidades de emprego jovem com retribuições
minimamente aceitáveis.
É que o problema do
desemprego jovem não se encontra apenas na sua elevada percentagem. Os jovens
que ainda assim conseguem integrar o mercado de trabalho são, na sua maioria,
remunerados pelos níveis mais baixos, pese embora a sua disponibilidade e as
elevadas competências académicas, faltando-lhe apenas (e naturalmente) a
experiência.
Percebamos também que
muitos dos problemas sociais sentidos advém desta desvalorização do trabalho.
Importa pois que o
crescimento económico venha a refletir-se numa justa compensação do trabalho,
condição essencial para uma sociedade mais inclusiva.
Até para a semana
Rui Mendes
1 comentário:
Creio que hoje em dia, com o avanço e avanços tecnológicos a tónica das questões do trabalho vai muito além do número de horas que se trabalha.
Muitas das questões sindicais que estão hoje ainda em cima da mesa terão de ser reavaliadas e analisadas de forma e formas diferentes para bem de quem efetivamente trabalha.
Estamos numa altura de viragem e é bom que os responsáveis pelas politicas sejam "videntes" e deixem de estar presos às questões e soluções que para muitos trabalhadores já não fazem parte ou dificilmente fazem parte da realidade laboral.
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