sexta-feira, 18 de julho de 2014

"PANO CRU" - (Nova rubrica de A.N.B.)

                                                                    PANO  CRU  
I.
Este verão aqueceu e vai tornar-se bastante quente, tendo por fundo, este “Pano  Cru” das notícias vindas do lado do  ESFG, do BESA, do BES e de todas as sucessivas camadas de negócios e vigarices que andam a desvendar-se e a falir, diariamente, pondo Portugal, em pele e osso.
Esmifrados e subjugados aos interesses mais variados (incluindo os de  uma maioria politica absoluta ) somos levados, crescentemente, a duvidar dos poderes politicos,económicos e sobretudo financeiros que andam a liquidar-nos… enriquecendo cada vez mais.
De facto, entre um presente que andava a ser conhecido e previsto e um passado, mais ou menos recente, de que vamos conhecendo novos contornos, cabe-nos perguntar, enquanto cidadão, onde é que isto vai parar? E que outro tipo de contágios e promiscuidades de casino existem ou vão continuar a existir? Por exemplo, no B.P. ou até numa certa inércia do M.P. perante a gama vasta de ricardos,ricardinhos e companhia?
Em que lufada de ar novo e agentes fortes do poder poltico, devemos começar a confiar para sair (ou pelo menos tentar sair…) deste desespero larvar “e sistémico” ( do regime e do sistema) que vai contaminando a vida social e moral da sociedade portuguesa, a vários níveis?...
II.
Hoje,porém, não vamos pregar mais aos peixes no Al Tejo…
Vamos mudar e  recordar um episódio curioso com Agostinho da Silva,um dos pensadores portugueses que se podem ir lendo e reconhecendo.
É assim.
“Em determinada altura do governo série longa  da “união nacional”, o seu MNEstrangeiros, Franco Nogueira, fez-lhe saber que Salazar gostaria de ouvi-lo e, perguntou-lhe, se estaria disposto a aceitar um convite do governo português para vir a Lisboa ( A. da Siva vivia e ensinava no Brasil).
Teria, porém, de entrar clandestinamente no país, pois o seu nome integrava as listas negras da PIDE.
Divertido com a situação, A. da Silva, voou para a Portela,com um nome falso,desembarcou e foi imediatamente preso.
E foi assim, sem perder mais tempo nos croquetes, que Franco Nogueira teve de interromper um banquete no (vizinho) Palácio  das Necessidades para vir, vestido de fraque, explicar aos agentes da PIDE que o detido vinha,em segredo, a convite do seu próprio ministério”.
Entre o espanto e o riso que esta cena real vos possa causar como causou a Natália Correia ( ver O Botequim da Liberdade,2013) ficamos nós com a sensação  que, o ditador de Santa Comba, percebia e sabia perfeitamente situar-se acima do seu proprio poder único e autoritário,assumindo de passagem, que o poder politico é apenas relativo e um composto de diversos poderes. E que o mesmo poder não se esgota ou se limita em exercícios absolutos ou, em maiorias absolutas passageiras, ditas de teor democrático. Seja para consumo externo ou interno. Nacional ou local.
Há sempre, acima das conjunturas politicas, um ou mais planos e visões de fundo a ter em conta. No caso de Agostinho da Silva, a sua visão antecipada e certeira,estava no lançamento da Lusofonia com a criação de novos países africanos independentes e de língua portuguesa.
Tal como veio acontecer passado pouco tempo.
 Se outras ilações houvessem de ser tiradas deste episódio,não acham que “o poder dos principes e princesas” é a de que o poder é,ou devia ser, uma coisa relativa e transitória? E que “a legitimidade das escolhas eleitorais” tem depois pouco a ver com “a legitimidade do exercício” continuado deste mesmo poder, caso este não seja praticado de uma forma realmente abrangente e democrática.
E não apenas exercido de forma calculista e de sentido único quando apenas cheira a eleições parlamentares. Ou,num sentido mais alargado, quando é para um dos orgãos politicos autarquicos que a seguir pretendem governar-nos repetindo-se no poder?  Sabendo previamente que todas as votações são ganhas e que todas as decisões podem ser impostas.
Tal como está vem acontecendo ao país com esta maioria do Psd.
Aqui fica, neste primeiro pano cru, a questão.

Melhores saudações
Antonio Neves Berbem

   (18/7/2014)

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