quinta-feira, 28 de junho de 2012

CRÓNICA DIÁRIA TRANSMITIDA PELA RÁDIO DIANA/FM





Quinta, 28 Junho 2012 10:35
Nestes últimos dias fomos presenteados com temperaturas elevadas, com notícias de derrapagens orçamentais e com um enorme entusiasmo em volta da equipa da Federação Portuguesa de Futebol.
Bem sabemos que as temperaturas elevadas promovem uma certa letargia e um olhar mais prolongado para o prato de caracóis e o copo de imperial.
É inegável que o entusiasmo em torno dos êxitos da equipa da Federação de Futebol, faz com que os temas de conversas sejam muito mais sobre o mérito ou demérito da equipa de futebol no torneio que se realiza na Polónia e na Ucrânia do que sobre qualquer outra coisa.
Nestas circunstâncias, as conversas sobre política, austeridade, ataques a direitos de trabalhadores, ficam para segundo plano e até parece mal estarmos a incomodar as pessoas com tais assuntos.
Mas como a meteorologia anuncia descida de temperatura e a selecção de futebol regressa à casa talvez me perdoem a ousadia de falar do que não vai desaparecer pela marcação de penalties nem ser afastado por qualquer assustador alerta laranja, como se a existência de calor no verão fosse algo de excepcional.
Esta semana ficámos a conhecer os dados referentes à execução orçamental e com eles soubemos que a sacrossanta meta do “deficit” seria praticamente impossível de atingir.
A pergunta que surgiu de imediato na boca de muita gente foi “haverão medidas de austeridade adicionais?”
Usando de todas as cautelas no discurso, um secretário de estado veio dizer que não estão previstas mais medidas de austeridade para logo de seguida afirmar que a existirem não podem atingir apenas os funcionários públicos.
Não deixa de ser curiosa a formulação assente na negação de uma intenção complementada pela afirmação da possibilidade de acontecer aquilo que não se prevê que aconteça.
Cruzando este discurso com as palavras do Ministro das Finança e do Primeiro-Ministro, temos aquelas famosas palavras dos dirigentes do futebol quando, após algumas derrotas, vêm a público reiterar a confiança no treinador que irão despedir dois ou três dias depois.
Apesar de ter sido a austeridade que nos trouxe até aqui e já se ter percebido que não só não resolve a situação do país como contribui para o seu agravamento, o plano B do governo é igualzinho ao plano A. Mais austeridade, mais cortes, aprofundar a condições de exploração e com o aviso quase solene de que agora serão os trabalhadores do sector privado os alvos preferenciais das medidas que aí vêm.
Claro que vão afirmando que nada disto lhes passa pela cabeça. Mas sabemos que esta gente, quando toca a bater nos mesmos de sempre, muda de planos com uma rapidez surpreendente.
Até para a semana
Eduardo Luciano

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