Sexta, 29 Junho 2012 10:42
Assisti, esta semana, a um debate muito interessante num dos
canais portugueses de televisão. Daquele tipo de debates em que os
intervenientes não estão a pensar nos votos nem na popularidade que possam ter
ou vir a ter, mas em que se nota que há pensamento e que, independentemente das
conclusões serem ou não simpáticas, elas são por eles ditas e por eles
defendidas.
Neste debate, vários foram os assuntos abordados. Vou
destacar dois deles, porque correspondem àquilo que penso e porque julgo ser
oportuno voltar a eles, agora que o Governo concluiu um ano
Quanto às escolhas do Governo, e apesar do que a oposição
tem dito relativamente ao modelo ideológico seguido pelo Governo, a verdade é
que em matéria de austeridade e de cortes, o Governo não tem feito ou, pelo
menos, não tem sabido explicar as escolhas que eventualmente possa ter feito.
Isto é, não se tem percebido se o Governo tem feito realmente escolhas ou se,
pelo contrário, tem abordado os cortes financeiros não distinguindo o trigo do
joio. Por exemplo, quando o Governo corta verbas para universidades, corta a
todas por igual ou já fez escolhas? Quando o Governo corta verbas para
hospitais, corta a todos por igual ou já fez escolhas? É das escolhas legítimas
que estou a falar e, sobre estas, é obrigação do Governo fazê-las! Acresce que
tratar tudo por igual nunca deu bom resultado. Ajudar uma universidade, um
hospital, uma empresa, que está mal, mas que não está muito mal, pode ser
melhor do que ajudar uma universidade, um hospital ou uma empresa que está
muito mal e cuja recuperação é impossível. É por isso que nem os cortes devem
ser cegos nem as ajudas desperdiçadas.
No entanto, o que parece é que o Governo está a cortar a
todos por igual sem que tenha feito qualquer escolha prévia. Não sejamos
contudo definitivos: admito que possa ter havido escolhas e que ou não possam
ser agora concretizadas ou não tenham sido explicadas. A questão é que mesmo
não podendo ser agora concretizadas, elas, a terem sido feitas, já deveriam
estar a ser explicadas. O país ganharia em saber qual a orientação que o
Governo quer seguir, até para que possa ser discutido abertamente o modelo de
país que teremos, ou melhor, o modelo de país que gostaríamos de ter passada a
fase da austeridade.
Outro assunto não menos importante e que entronca naquele que
acabo de abordar, tem a ver com o investimento ... ou com a falta dele! Cada
vez mais se ouve falar da necessidade de crescimento e da necessidade de serem
criados empregos. Mas encher a boca com crescimento e emprego, sem explicar
como se põe a economia a crescer ou como se criam empregos, não serve de nada.
Para haver crescimento económico e para haver criação de emprego, a chave é
evidentemente o investimento. Portanto, o que seria nesta altura muito
importante era que o Governo explicasse, explicasse aos portugueses e aos
potenciais investidores, como pretende o Governo criar condições para que
exista investimento
Em conclusão, é, pois, tempo de o Governo explicar aos
portugueses que país quer ou, dito de outro modo, que Portugal quer, afinal,
para os portugueses.
|
Martim Borges de Freitas
Torres Novas, 28 de Junho de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário