domingo, 13 de março de 2011

MEMÓRIAS DO PASSADO - HOJE O TÓI DA DADINHA

Remeto-te o seguinte trabalho "mais um que anotei", este na última terça-feira de Carnaval, junto de Dadinha que me disse ouvia cantar, quando criança e por minha avó Ana Leocádia e outras amigas, nas Rodas de Baile na Sociedade Artística, nos seus primórdios - 1904.


Disse-me ainda que "estes cantares vinham" do tempo de juventude da minha bizavó Francisca Medroño (sim, tinha origem Espanhola), casada que foi com José Alferes:

Está de resto o Carnaval
Vamo-nos aproveitando
Não há tempo mais alegre
Do que este que vai passando

Tem soberba e avareza
Tem luxúria e tem ira
Tem gula e tem inveja
Mas preguiça é mentira

É um velho bem janota
Como ele não há segundo
Diverte moços e velhos
Nas cinco partes do mundo

Chorai velhos e crianças
Que é sinal de sentimento
Pelo Entrudo tão pequeno
Que durou tão pouco tempo

Em coro todas choramos
Pela sorte do infeliz
Pela falta que nos faz
Porque a sorte assim o quiz

Está de resto o Carnaval
Vamos todos chorar!!!
O seu corpo num caixão
Em cinzas se vai tornar

E...terminavam assim, numa referência ao termo DE UM CARNAVAL num dia 8 de Fevereiro (finais do século XIX, início do XX):

Terra minha Alandroal
Em o dia 8 de Fevereiro
Que até ao resto me divirta
Tanto quanto no primeiro.

Fraternal e imensamente agradecido a minha Mãe.
Abraços para todos
Tói da Dadinha


BAILE DA PINHA

Como (quase) todas as noites acontece, revitalizo-me passeando pela VILA. Com mais ou menos calor, com mais ou menos chuva, com muito ou pouco nevoeiro como nesta última acertada meteorologia esta noite assim é (chuva e nevoeiro). A London City das enevoados e policiais longas metragens do Peças. Assim me apetece por vezes CAMINHAR. Sózinho pelas ruas, largos e travessas.
ENCONTRO-ME...quando de mim me distancio. Acontece!!!

Subo a Rua Brito Camacho (antiga Rua das Flores) e...da Sociedade.
Olho a SARA...elegante, majestosa e sonora...VISÕES e AUDIÇÕES minhas!!!.
Era hoje um dos dias, estava decretado que teria de ser no Domingo depois do Carnaval, em que alguns de nós nos envolviamos (ou não) na orgânica do Baile da Pinha, considerando não ser "obrigação" da Sociedade Artística organizá-los pois que, estatutáriamente e pela calendária ordem, «apenas» assumia os de ANO NOVO, DOMINGO e TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL, DOMINGO DE PÁSCOA e DIA DE NATAL (só cinco anuais??? reclamávamos nós MUITO EXIGENTES...).
Sigamos o comentário.
Em um destes dias, porque não numa sexta-feira 11 de Março ou num qualquer outro dia da semana próximo do Domingo do tão ansiado!!! Baile da Pinha "que não era da obrigação estatutária da Direcção da Colectividade organizá-lo, como antes está escrito", constitue-se uma Comissão "ha doc" para promover "tão desejável???) evento.
Constituída a Comissão (Eu, Isidro Roma...não recordo o 3º e/ou talvez um 4º.) e apresentado e aceite o Projecto pela Direcção da S.A.R.A. (assim sempre foi nos intermédios anos das décadas de 60/70, do 1900) houve BAILE DA PINHA (1968?).
Orquestra: "ROSA DE ALFAMA".
Ornato Exterior e Interior da Pinha: Fitas de variadas cores; Alfinetes "de cabecinha" para suster os pequenos "Bouquet's de Lindas, Naturais e Perfumadas Violetas" colhidas quase na hora no quintal do Joaquim Salgado, em S. Bento, no ALANDROAL; Bolos secos; Vinho do Porto e...um Casal de Pombos que após a sua abertura esvoaçavam livres, na pequena Sala então decorada com serigrafias alusivas a «Napoleão Bonaparte e seu filho, Rei de Roma», RECORDAM-SE?.
Encerramento da Pinha: Por quem sempre e durante largos anos assim procedeu, secretamente (como necessário era), num espaço do piso superior da Colectividade: O saudoso Luis Balsante, que mais tarde duou esta continuidade a seu filho Manuel, o Néi.
Transferência do Bilhar para a Sala das Senhoras: Havia sempre muitos voluntários. Pudera!!!
Protecção do pavimento da Sala de Baile: No caso concreto este trabalho era executado "por alguns poucos voluntários" que com "canivetes" raspavam para o chão a necessária cera de algumas velas (cedidas pela Direcção).
Resultados financeiros: Um escudo para cada um dos membros da Comissão (Teria havido sinceridade nisto?)
NÃO CONTESTEI.
MAS SEI QUE SE ORGANIZOU MAIS UM...BAILE DA PINHA.

Daqueles tempos...COM NOSTALGIA!!!
Abraços para todos
Tói da Dadinha

4 comentários:

Anónimo disse...

O bilhar estava assente em 4 pedaços de mármore e havia quem "alugasse" um desses quadrados para dançar toda a noite sem sair do mesmo sítio.

Anónimo disse...

P'rá Dadinha muitos e mais anos de vida para que possa continuar a deixar-nos recordações destas.
Para ela, da minha parte, aqui segue um beijinho.

P'ró Tói, de lápis na orelha e caderninho no bolso, desejo que nunca lhe falte a vontade de tomar nota destas histórias, que já fazem parte do património cultural do Alandroal.

P'ró Manuel Augusto - aqui chamado por também ser filho da Dadinha - espero que nunca lhe falte a voz, pois ainda o quero ouvir muitas vezes.

E p'rá Ausenda, simplesmente, dois beijinhos.

JR

Anónimo disse...

Uma Lágrima "atrevida",
senti deslizar no rosto
a Nostalgia sentida...
é Bonita e muito gosto!

OBRIGADA.

Uma Alandroalense SAUDOSA

Anónimo disse...

Prá DADINHA, não tenho palavras...
Sinto um fremito nas veias,é a minha MÃE para o TÓI, o sentir é quase igual, é meu IRMÃO...
Espero continuar a ler e ouvir estas estórias acerca de tempos e familiares já desaparecidos, que mais não são, do que a essencia daquilo, que uma familia deve ser.
Um beijo e um grande abraço para os dois.
Manuel Augusto