Miguel Sampaio
Segunda, 14 Março 2011 11:01
Foi bonita a festa pá!
Ele eram homens e mulheres e crianças e pretos e brancos, amarelos e vermelhos, gordos e magros, inteligentes e corneteiros, todos transformados em multidão, a descer a Av. da Liberdade, todos em festa; porque a vida é madrasta, porque quem governa apenas finge e depois se limita a mandar, confundindo o seu mandato com uma espécie de poder divino, um mando acima das críticas, acima da voz unânime do povo que os elegeu… seria de supor que a manifestação fosse de desencanto e tristeza e raiva incontida… mas não! Foi uma festa, uma celebração da vontade, uma comemoração cívica, porque entendemos, nós os que lá estivemos e os outros que não puderam ir, que somos a maioria, que somos nós, se quisermos, que traçamos o destino comum. Entendemos que apesar de todas as diferenças existe um consenso possível e que esse consenso nasce da vontade comum de mudar.
Podem os arautos do costume dizer que foi impressionante a mobilização, que foi um aviso ao governo, mas que não passou disso, que amanhã o executivo continuará a governar, que depois de amanhã outro lhe sucederá e que a manifestação cairá no esquecimento e só será lembrada como mais um momento, apenas um momento, uma descompressão colectiva, um simples arrufo.
A verdade é que dia 12 de Março de 2001 uma porta se abriu. Neste dia as pessoas saíram à rua para dizer basta! Saíram à rua para gritar que querem dignidade que querem transparência, que querem decidir das suas próprias vidas.
Ninguém negou esforços para combater a crise, nenhum se recusou a abdicar, todos a uma só voz, uma voz multicolor afirmamos a nossa liberdade, a nossa soberania.
Afirmamos juntos que a liberdade que exigimos é a que a todos aproveita, não a falsa liberdadezita dos carcereiros, que vivendo encerrados na prisão se julgam mais livres que os prisioneiros.
Em Março se fez Abril numa avenida virada ao Tejo, baptizada de Liberdade. Em Março o povo saiu à rua e cantou e dançou e confraternizou, porque a festa é coisa do povo, a tristeza essa ficou nos corredores do poder, nas sombras dos governantes, nas bolsas dos usurários.
Miguel Sampaio
(O sublinhado é da responsabilidade do editor)
11 comentários:
Lindo... e verdadeiro!
Eu estive lá e também escrevi sobre a Manifestação de 12 de Março.
Obrigado ao Miguel e ao Francisco por partilharem este sentir :)
Bjs
Por motivos vários, lá não pode ir!!! mas, com as minhas quase setenta primaveras, o meu espirito esteve lá e quando tudo acabou, senti que abracei toda aquela multidão de novos,crianças e velhos...pensei até, que tinha voltado a outros tempos e os meus olhos ficaram razos de água,,,eu, tal como todos, também estou cheio de politicos de pacotilha, de apregoadores de banha da cobra, de falsos engenheiros e doutores,de promessas hoje ditas, mas nunca cumpridas, não queria dizer ADEUS a terra, sem ver verdadeiros HOMENS a frente deste tão grande POVO...
Na próxima não faltarei!!!
Um abraço e se me permitem,um grande abraço de conforto para o povo JAPONÊS.
HOMERO
Esta manifestação da JUVENTUDE Á RASCA tem muito que se lhe diga e muito para analisar.
Se esta juventude está á rasca no tempo em que eu era jovem estávamos condenados, pois eu só com os meus 16 anos comecei a andar calçado e como eu a maioria dos gaiatos do Alandroal e de quase toda a província do País, isso sim era estar á rasca, descalço, pouca roupa e pouca comida no estômago e muito trabalho no lombo.
Uma geração de jovens que tudo tem, que não trabalham porque os empregos que há não estão á altura dos seus diplomas, e que tanto falam de não terem condições para poder sair das casas dos pais, mas que nada fazem para o conseguir, até porque ter cama e roupa lavada e comida na mesa da jeito, como dizia o outro, falam falam mas não os vejo fazer nada.
Há rasca está a juventude dos antigos países de leste e esses sim, vem para Portugal e outros países, são doutores, professores, médicos, cientistas, maestros, engenheiros e trabalham nas limpezas e onde for preciso.
Esta juventude é a juventude dos licenciados e dos artistas e como tal irão estar sempre á rasca, principalmente porque se recusam a trabalhar no muito trabalho que ainda há, pois não é trabalho que querem, o que pretendem é emprego e bem remunerado.
Sou um homem de esquerda e penso por mim e de facto é estranho e duvidoso que esta manifestação que dizem ter sido criada por um movimento espontâneo de uma juventude inconformada e á rasca, teve afinal varias forças politicas por trás, com cartazes identificados e outras formas de propaganda, como tal não passou de mais um aproveitamento politico mal disfarçado e feio.
Foi engraçado ouvir na televisão coisas como – esta manifestação foi espontânea e logo de seguida dizerem, a organização esperava x pessoas, portanto se teve organização não foi espontânea, e quem organizou????????
O meu balanço é que assistimos a uma manifestação politica organizada pelo PCP e BLOCO DE ESQUERDA entre outros, aproveitando um movimento que poderia ser independente e diferente, mas que não foi.
Quem compara esta manifestação que para nada serviu com as manifestações de Abril não sabe o que diz, e a ver pelo nível das canções escolhidas para representar esta manifestação com as varias canções de surgiram em Abril, comparando, é caso para dizer que esta manifestação foi rasca em tudo, até nas cantigas.
Antigo pastor.
O antigo pastor não está à rasca, é rasca. Basta ver como fala. Como passou mal, acha que os outros têm que passar pior. E depois ainda diz que é de esquerda.
Tal é o descôco !
POR ACASO ACHO QUE O ANTIGO PASTOR TEM RAZÃO EM MUITAS COISAS E QUANDO FALA NAS CANTIGAS É DE MAIS EVIDENTE QUE COMPARAR , ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA, ZÉ AFONSO, ZÉ MARIO BRANCO,SERGIO GODINHO, PAULO DE CARVALHO, ARY DOS SANTOS E OUTROS POETAS , E COMPOSITORES E CANTORES DE ABRIL COM O GEL E OS DIOLINDA É COMO COMPARARE O FUNDO DAS CALÇAS COM A SÉ DE BEJA.
NUMA COISA TEM RAZÃO GERAÇÃO MESMO Á RASCA ATÉ NAS CANÇÕES, QUANDO QUEM GANHA O FESTIVAL DA CANÇÃO É QUEM FAZ CIRCO E NÃO CANTA PORRA NENHUMA ESTÁ TUDO DITO.
E CARO COMENTADOR DE 15 Março, 2011 15:01, QUEM É RASCA É O SR. PELA FORMA COMO OFENDE QUEM COMENTA SÓ PORQUE NÃO CONCORDA , BASTA VER COMO OFENDE.
DEVE SER DO CENTRO...............
“O antigo pastor não está à rasca, é rasca. Basta ver como fala. Como passou mal, acha que os outros têm que passar pior. E depois ainda diz que é de esquerda.
Tal é o descôco !
15 Março, 2011 15:01”
O SR. ESTÁ EQUIVOCADO E SE ALGUÉM É RASCA AQUI É O SR. QUE ME OFENDE ENQUANTO EU ME LIMITEI A DAR UM OPINIÃO PESSOAL SOBRE UM ACONTECIMENTO E SEM OFENDER SEJA QUEM FOSSE.
JÁ QUE ME CHAMOU RASCA TAMBÉM LHE DIGO QUE ME PARECE MUITO INTERESSADO NA MINHA COR POLITICA, CHAMA-SE A ISSO BISBILHOTICE SALOIA E QUEM TEM ESSE TIPO DE CONDUTA É DE FACTO MUITO RASCA.
PASSEI MAL É VERDADE E POR ISSO MAIS QUE O SR. E MUITA BOA GENTE SEI DE FACTO O QUE É ESTAR Á RASCA, EU E OS DA MINHA GERAÇÃO, NÃO QUERO DE MODO NENHUM QUE OS OUTROS PASSEM MAL O QUE TENHO É EXPERIÊNCIA SUFICIENTE PARA SABER QUE ASSIM NÃO VÃO DEIXAR DE SER ENRASCADOS, SE QUEREM FAZER CONTESTAÇÕES FAÇAM-NAS A SÉRIO NÃO A BRINCAR E TRABALHEM.
EM RELAÇÃO AO SEU COMENTÁRIO, JÁ QUE PARTE PARA A FALTA DE RESPEITO TAMBÉM EU ACHO E COM TODO O DIREITO QUE O SEU COMENTÁRIO É UM CÔCÔ.
ANTIGO PASTOR
Sem qualquer duvida é para "isto" que servem os blogues. Trocas de opiniões (a que todos temos o direito). São pontos de vista que até podiam ter lugar entre dois amigos em qualquer mêsa de café. Assim sendo e mesmo utilizando o anonimato não tenho qualquer pêjo em aqui os deixar, para que todos meditem e tomem a posição que acharem mais conveniente.
No entanto não posso deixar de me perguntar se em conversa direta, repito em qualquer mêsa de café, chegariam ao ponto de chamar nomes um ao outro, seriam utilizados termos depreciativos sobre os interlocutores, como o estão a fazer?
É bom que haja pontos de vista diferentes, que os mesmos sejam debatidos, mas por favor: para bem do blogue, para bem da democracia, para vosso bem não se ofendam com termos menos próprios.
Obrigado pela vossa colaboração
Chico Manuel
As minhas descupas amigo XICO
ANTIGO PASTOR
Mas que ainda tem o pau comprido de guardar as ovelhas.
Sr. Antigo Pastor…
Será que só quem tem razão para protestar é quem alguma vez andou descalço?
Então e aqueles que estão prestes a ficar sem sapatos? “Ah...esses calem-se e vão mas é trabalhar!” – diz o Sr. Pastor. “São uns pacóvios licenciados que não querem fazer o que os de leste vêm para cá fazer….”
Isto parece mais um daqueles discursos reaccionários de quem quer persuadir o zé-povinho a atribuir culpas a alguém, sacudindo a água do capote com um sorriso de orelha a orelha!
O antigo pastor diz-se de esquerda (mas deve ser desta esquerda que actualmente nos (des)governa).
Olhe…eu sou um jovem da geração rasca, à rasca, com casca, sem casca…como o antigo pastor quiser apelidar. Sou de esquerda, claro! Da verdadeira esquerda! Sou vermelho da cabeça aos pés!
Nunca andei descalço! Felizmente, os meus pais sempre conseguiram que eu tivesse, no mínimo, um bom par de sapatos.
Também nunca passei fome! Felizmente, os meus pais sempre conseguiram que eu tivesse algo para comer.
Mas este facto, de à partida nunca ter passado grandes necessidades, não me faz prestar hoje vassalagem a esta corja imunda de governantes! Verdadeiras carraças que nos chupam o sangue até ficarmos ressequidos. Chupistas!
No sábado passado vimos, por todo o país, muitos portugueses a protestar ao lado dos filhos e até ao lado dos netos! Não eram só "jovens rascas”! Isto deu-me cá uma alegria! Ver quem há anos atrás também andou descalço, a protestar ao lado de quem está prestes a ficar!
Portanto, quer-me parecer que o antigo pastor, que começou descalço, está agora muito bem calçado. Assim sendo, acomoda-se, e aponta o dedo a quem se insurge contra a indiferença.
Eu, pelo contrário, sempre estive bem calçado e, hoje mais do que nunca, continuo ao lado de todos os descalços e dos que quase estão!
Afinal, ao que parece, a diferença está nos sapatos que calçamos!
E antigo pastor deixe-me que lhe diga…se não fosse o bloco de esquerda e o partido comunista a estarem por detrás desta enorme manifestação, quem é que a organizava?
E nem vou falar do resto…
Le neveu…
O PROBLEMA QUE LEVA A QUE ESTA MANIFESTAÇÃO NÃO TENHA DADO EM NADA FOI O APROVEITAMENTO POLITICO DO PCP E BLOCO DE ESQUERDA QUE SE APROVEITARAM DE UM MOVIMENTO FEITO PELOS JOVENS Á RASCA.
O PCP E O BLOCO DE ESQUERDA NÃO ORGANIZARAM COISA NENHUMA A MALTA FOI PARA A RUA PORQUE ESTAMOS TODOS Á RASCA E DE TANGA.
FAÇA LÁ O PCP E O BLOCO UMA MANIFESTAÇÃO ORGANIZADA POR ELES ASSUMIDAMENTE E VÃO VER QUANTAS PESSOAS LÁ TEM, NEM METADE.
OS POLITICOS TEM QUE ESTRAGAR SEMPRE TUDO SÃO COMO PIOLHOS.
Para pensar...
Portugal tem uma democracia.
É portanto um país democrático.
E isso quer dizer que é um país onde existem partidos políticos, cada qual se assumindo no geral como defensor do Povo.
Agora passemos à especialidade:
Portugal é um país onde as desigualdades sociais são por demais evidentes.
Somos portanto um povo dividido em classes.
Assim sendo também os partidos políticos se assumem como representantes de classes: uns defendem a direita , outros o centro, outros a esquerda...
Enfim cada qual tem as suas clientelas e luta pelos seus interesses.
Mas isto visto só assim seria linear demais.
Assim sendo as clientelas seriam fixas e todos os eleitores saberiam qual era o seu partido.
Desta maneira já sabemos quem vencia sempre as eleições: era o partido que representasse a esquerda porque a esquerda engloba a maioria dos trabalhadores independentes e por conta de outrem, os pequenos comerciantes, os pequenos empresários, a grande maioria dos aposentados, a grande maioria dos jovens desempregados e até a grande maioria de todos os que de qualquer modo servem o Estado.
Porém a grande confusão consiste nisto: os eleitores não sabem em que partido votar, porque os partidos não se apresentam ao eleitorado com a sua cara legítima mas sim mascarados.
Não fazem uma campanha séria.
Fazem uma campanha baseada em falsas promessas, mesmo sabendo de antemão ser impossível o seu cumprimento.
A maioria dos eleitores que elegem os políticos não têm qualquer preparação política. Mais de metade dos portugueses não percebe nada de política, e não há interesse absolutamente nenhum em esclarecê-los, mas sim em confundi-los.
O meu comentário também não será esclarecedor. Esse é um trabalho que pertence ao Estado português mas que nunca será feito por ele.
Mas aviso: chegaremos lá. Ainda vai demorar algum tempo mas os políticos que ponham as barbas de molho. Controlarem-nos pelos meios de informação tradicionais, como sejam a imprensa, a rádio a televisão está a chegar ao fim.
A Internet vai encarregar-se de pôr as coisas nos seus devidos lugares.
Vão se amanhando agora enquanto ainda é tempo, porque o tempo das trafulhices começa a esgotar-se e a ter os dias contados.
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